Autor: SANDRA INÊS FERREIRA SALGADO
Tipo de Trabalho de Conclusão: DISSERTAÇÃO
Data da Defesa: 13/02/2012
RESUMO Com base nos referenciais teóricos da psicodinâmica do trabalho, este estudo tem por objetivo analisar as percepções de professores de uma Instituição Federal de Ensino Superior (IFES) mineira localizada em Belo Horizonte em relação às vivências de prazer e sofrimento no trabalho. Para tanto, realizou-se uma pesquisa descritiva, que utilizou as abordagens quantitativa e qualitativa, com base em um estudo de caso. Participaram da abordagem quantitativa 50 docentes. O questionário utilizado foi o Inventário sobre Trabalho e Riscos de Adoecimento (ITRA), validado por Ferreira e Mendes (2003), composto por quatro escalas do tipo Likert com frequência de 1 a 5: a Escala de Avaliação do Contexto de Trabalho (EACT), a Escala de Custo Humano do Trabalho (ECHT), a Escala de Indicadores de Prazer e Sofrimento no Trabalho (EIPST) e a Escala de Avaliação dos Danos Relacionados ao Trabalho (EDRT). Os dados quantitativos foram tratados pelo sistema SPSS (Statistical Package for Social Science). Em seguida, foram realizadas oito entrevistas semiestruturadas, para aprofundamento dos dados obtidos na pesquisa quantitativa. Os dados qualitativos obtidos nas entrevistas foram analisados sob a ótica da Análise dos Núcleos de Sentido (ANS), adaptada por Mendes (2007) a partir da análise de conteúdo categorial, desenvolvida por Bardin (2004), que gerou onze categorias temáticas. Pelas análises efetuadas, pôde-se observar que prazer e sofrimento no trabalho coexistem no ambiente laboral dos professores e não são excludentes. A organização do trabalho causa mais sofrimento para os docentes pesquisados do que as relações socioprofissionais e condições de trabalho. As relações socioprofissionais estão desgastadas. As condições de trabalho na IFES revelaram-se precárias. O prazer destes profissionais encontra-se relacionado: na liberdade de expressão, autonomia, no reconhecimento dos alunos, na satisfação na atividade de lecionar, nas relações significativas com sua tarefa, em poder contribuir na formação de indivíduos críticos, em promover o raciocínio nos educandos e por considerarem seu trabalho importante para si mesmo, para a organização e para a sociedade. O sofrimento aparece relacionado a pressão por prazos, ritmo excessivo de trabalho, número insuficiente de pessoas para realizar as tarefas, disputas profissionais no local de trabalho, falta de integração, condições de trabalho precárias, falta de reconhecimento, sobrecarga de tarefas e necessidade constante de capacitação. Identifica-se neste estudo que o sofrimento no trabalho está sendo contido por estratégias defensivas de negação, racionalização e adaptação. A falta de um coletivo de trabalho pautado na coesão e na confiança dificulta a criação de defesas coletivas e de proteção, predominando o uso de defesas individuais de adaptação, que são ineficientes para lidar com esse contexto de trabalho. Diante dos resultados com relação aos danos físicos e do fracasso das estratégias de defesa utilizadas pelos docentes, observa-se que os professores estão sujeitos ao adoecimento. Conclui-se que a tendência a aceitação das adversidades das situações de trabalho e a utilização de defesas individuais contra o sofrimento em detrimento de mecanismos para sua transformação estão contribuindo, para facilitar a adaptação dos docentes às pressões e exploração do trabalho patogênicas.
Palavras-chave: Prazer; Sofrimento; Docência.
ABSTRACT Based on the theoretical reference of the Psychodynamics work, this study aims to analyze the perceptions of the professors within a Federal College institution located in the city of Belo Horizonte in Minas Gerais State regarding the experiences of pleasure and suffering at work. Hence, a descriptive research was carried out utilizing the qualitative and the quantitative approaches based on a case study. 50 professors participated in the quantitative approach. The questionnaire used was the inventory related to the Work and Risks of Illness (ITRA) validated by Ferreira and Mendes (2003), composed by four Likert-type scales with frequency of 1 to 5: the scale of assessment of the work context (EACT), the scale of labor human cost (ECHT), the scale of Pleasure and Suffering at work indicators (EIPST) and the scale of assessment of work-related Injuries (EDRT). The quantitative data was analyzed using SPSS (Statistical Package for Social Science). Then, eight semi structured interviews were carried out in order to assess the data obtained in the quantitative research deeper. The qualitative data obtained in interviews were analyzed utilizing the perspective of Meaning analysis (ANS) adapted by Mendes (2007) from the category content analysis developed by Bardin (2004) which generated eleven thematic categories. According to the analysis carried out it might be noted that pleasure and suffering at work coexist in the professor work environment and they are not exclusionary. The organization of the work causes more suffering on the professors researched than the socio-occupational relations and the working conditions. The socio-occupational relations are worn out. The working conditions at the college institution are proved precarious. The pleasure of these professionals is related to: freedom of expression, autonomy, recognition of the students, satisfaction in teaching, significant links with their tasks, ability to contribute in the formation of critical individuals, development of the thinking of the students and the importance of their work to themselves to the organization and to the society. The suffering appears related to deadline pressure, excessive pace of work, insufficient number of people to perform the task, professional workplace disputes, lack of integration, precarious working conditions, lack of recognition, overload of tasks and constant need for qualification. This study points out that the suffering at work is being contained by defensive strategies of denial, rationalization and adaptation. These defenses are inefficient to handle this work context. It is observed that the professors are susceptible to illness when analyzing the results related to physical damage and the failure of the defense strategies used by the professors. It is concluded that the trend toward the acceptance of adversity of work situations and the use of individual defenses against the suffering to the detriment of the mechanisms for its transformation are contributing to facilitate the adaptation of teaching staff to the pressures and exploitation of the pathogenic work.
Key-words: Pleasure; Suffering; Teaching staff.
Área de Concentração: ORGANIZAÇÃO E ESTRATÉGIA
Linha de Pesquisa: Relações de poder e Dinâmica das organizações
Banca Examinadora
Prof. Dr. Fernando Coutinho Garcia – Orientador
Prof. Dr. Luiz Carlos Honório – Docente
Prof.ª Dr.ª Adriane Vieira – Participante externo
Baixar arquivo: VALÉRIA CUPERTINO