Mestrando(a): MARIA CRISTINE DOS REIS

Orientador(a): Drª Marlene Catarina de Oliveira Lopes Melo

Para Bourdieu (2010), a sociedade define atributos e comportamentos mais adequados para cada gênero de acordo com a construção arbitrária do biológico. A motivação em pesquisar sobre o tema surgiu do anseio em compreender a estrutura atual da divisão sexual do trabalho com a inserção da mulher na construção de gênero na gestão. Esta dissertação analisou como está o feminino no trabalho gerencial na percepção de gestoras de indústrias farmacêuticas sediadas nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro que atuam na região de Minas Gerais. A amostra foi composta por dez gerentes distritais. Trata-se de um estudo de campo com abordagem qualitativa e descritiva e entrevistas semiestruturadas. Utilizou-se a técnica análise de conteúdo proposta por Bardin (2008) para o tratamento dos dados nas seguintes etapas: pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados, inferência e interpretação. A gestão de pessoas é pontuada como principal atividade desenvolvida no exercício da função, além de visão estratégica, flexibilidade, dinamismo, confiança e serviço burocrático. Salientam-se atributos femininos, como ser mais cuidadosa, mais detalhista, escutar mais o colaborador e ser mais sensível. Também apontaram o apoio, a facilidade de negociação e a acessibilidade com seus clientes. Não foram apontadas diferenças de salário entre homens e mulheres na indústria farmacêutica, indicando que os critérios de remuneração não estão atrelados ao sexo e sim à classificação dos níveis gerenciais de acordo com as categorias existentes na indústria farmacêutica, além dos benefícios diferenciados, como o auxílio creche. O vestuário e o cuidado visual foram apontados como forma de se sentirem femininas na carreira gerencial, além da utilização de compreensão, sensibilidade e cuidado com as pessoas. Percebe-se na totalidade que não percebem diferenças relacionadas ao gênero na função e a descrevem como unissex e/ou assexuada, ou seja, a mulher como gerente se torna também assexuada. Associam também a forma de gerenciar com o perfil de cada um evidenciando a tendência em neutralizar e desassociar o gênero da função. Foram apontadas como não feminino no cotidiano de trabalho das gerentes pesquisadas as viagens, principalmente as viagens de carro, devido ao risco, além das atividades que exigem força física. Mas ficou claro que essas atividades não as impedem de exercer a função gerencial. Enfim, deixam-se dois questionamentos em relação ao gênero. O primeiro deles é se a função gerencial tem se distanciado da construção social de trabalho que determina a função de acordo com os atributos específicos para cada sexo, sugerindo um novo olhar na esfera profissional, ou seja, o perfil gerencial está relacionado à competência e à personalidade do gestor, independente do sexo. O segundo deles é até que ponto o mundo capitalista tem interesse na reconstrução dos papéis de gênero, tendo em vista que as empresas têm seduzido mulheres e homens em prol da produtividade?

 

BANCA EXAMINADORA:

Profª Drª Marlene Catarina de Oliveira Lopes Melo

ORIENTADOR (Faculdade Novos Horizontes)

Prof. Dr. Luiz Carlos Honório

Faculdade Novos Horizontes

Prof. Dr. Ivan Beck Ckagnazaroff

UFMG

Linha de Pesquisa: Relações de Poder e Dinâmica das Organizações

Área de concentração: Organização e estratégia

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