Mestrando(a): ANDRÉA ARNAUT VIEIRA MARTINS

Orientador(a): LUIZ CARLOS HONORIO

Este estudo buscou analisar a percepção de docentes de uma Instituição de Ensino Superior privada de Belo Horizonte sobre a vivência de prazer e sofrimento no trabalho, que envolve a psicodinâmica nesse ambiente. O prazer provém quando são alcançadas as finalidades da educação, do contato e das trocas estabelecidos com os alunos. O sofrimento vem da percepção da impossibilidade de concretizar os fins da atividade profissional, das dificuldades inerentes a esse processo, da desvalorização profissional, do desrespeito e das condições de trabalho inadequadas. A psicodinâmica do trabalho avalia o homem marcado pelo poder de resistência, de engajamento e de mudança diante da realidade de dominação simbólica, social, política e econômica inerente aos ambientes de trabalho. A pesquisa é de natureza descritiva e de caráter quantitativo e qualitativo. O Inventário de Trabalho e Riscos de Adoecimento (ITRA), utilizado na pesquisa, indicou que a maioria de resultados variou de críticos a graves, com base nos depoimentos colhidos nas entrevistas denotando aspectos pertinentes ao sofrimento associados a elementos de precarização no trabalho. A organização do trabalho causa mais sofrimento para os docentes pesquisados do que as relações socioprofissionais, que, por sua vez, precedem em importância as condições de trabalho propriamente ditas. Entretanto, essas relações estão bastante desgastadas entre colegas e perante as chefias. As condições de trabalho revelaram-se precárias. O custo humano do trabalho mais grave se refere ao cognitivo, pelos constantes desafios intelectuais e pelo esforço mental. Com relação às vivências de prazer e sofrimento no trabalho, constatou-se situação crítica em todos os fatores a elas pertinentes. Boa parte dos indicadores de realização profissional, a totalidade das questões relacionadas à falta de reconhecimento e aos danos provocados pelo trabalho docente foram percebidas como críticas. Comparando-se os fatores de prazer e sofrimento no trabalho com faixa etária e tempo de magistério, verificou-se que os mais jovens e os recém-chegados sofrem mais pela falta de reconhecimento. Quanto ao fator organização do trabalho, não se observou nenhuma correlação, mas tal situação não se refletiu nos depoimentos dos docentes. O mesmo ocorre com as condições de trabalho propriamente ditas, cujos depoimentos revelaram descontentamento com a liberdade de expressão e com a díade salário/benefícios recebidos no exercício da profissão. Apenas na realização profissional houve unanimidade de docentes, que se posicionaram favoravelmente. Outro aspecto que merece destaque nas vivências de prazer e sofrimento diz respeito às novas formas de avaliação do ensino superior, que acarretaram novas exigências aos professores. Dessa maneira, por mais que docentes se predisponham favoravelmente para sua atividade diária, antevendo dias prazerosos de convivência com seus alunos, as condições de trabalho inadequadas resultam em desgaste profissional que leva ao sofrimento. Comparando-se com pesquisas realizadas em diversos contextos profissionais, este estudo foi o que indicou maior nível de sofrimento, insatisfação e desamparo na atividade docente. A precarização do trabalho parece caminhar a passos largos para destruir a harmonia desejada no ambiente superior da educação, e isso pode trazer consequências indesejáveis à qualidade do ensino.

Orientador(a): LUIZ CARLOS HONORIO

Professores Drs. da Banca:

Orientador: Prof. Luiz Carlos Honório

Banca: Profª Adriane Vieira
Profª Vera Lucia Cançado Lima

Mestrando(a): ANDRÉA ARNAUT VIEIRA MARTINS

Linha de Pesquisa: Relações de poder e dinâmica das organizações

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