Mestrando(a): VALÉRIA CUPERTINO

Orientador(a): FERNANDO COUTINHO GARCIA

PRAZER E SOFRIMENTO NA PRÁTICA DOCENTE NO ENSINO SUPERIOR: estudo de caso em uma IFES mineira.Com base nos referenciais teóricos da psicodinâmica do trabalho, este estudo tem por objetivo analisar as percepções de professores de uma Instituição Federal de Ensino Superior (IFES) mineira localizada em Belo Horizonte em relação às vivências de prazer e sofrimento no trabalho. Para tanto, realizou-se uma pesquisa descritiva, que utilizou as abordagens quantitativa e qualitativa, com base em um estudo de caso. Participaram da abordagem quantitativa 50 docentes. O questionário utilizado foi o Inventário sobre Trabalho e Riscos de Adoecimento (ITRA), validado por Ferreira e Mendes (2003), composto por quatro escalas do tipo Likert com frequência de 1 a 5: a Escala de Avaliação do Contexto de Trabalho (EACT), a Escala de Custo Humano do Trabalho (ECHT), a Escala de Indicadores de Prazer e Sofrimento no Trabalho (EIPST) e a Escala de Avaliação dos Danos Relacionados ao Trabalho (EDRT). Os dados quantitativos foram tratados pelo sistema SPSS (Statistical Package for Social Science). Em seguida, foram realizadas oito entrevistas semiestruturadas, para aprofundamento dos dados obtidos na pesquisa quantitativa. Os dados qualitativos obtidos nas entrevistas foram analisados sob a ótica da Análise dos Núcleos de Sentido (ANS), adaptada por Mendes (2007) a partir da análise de conteúdo categorial, desenvolvida por Bardin (2004), que gerou onze categorias temáticas. Pelas análises efetuadas, pôde-se observar que prazer e sofrimento no trabalho coexistem no ambiente laboral dos professores e não são excludentes. A organização do trabalho causa mais sofrimento para os docentes pesquisados do que as relações socioprofissionais e condições de trabalho. As relações socioprofissionais estão desgastadas. As condições de trabalho na IFES revelaram-se precárias. O prazer destes profissionais encontra-se relacionado: na liberdade de expressão, autonomia, no reconhecimento dos alunos, na satisfação na atividade de lecionar, nas relações significativas com sua tarefa, em poder contribuir na formação de indivíduos críticos, em promover o raciocínio nos educandos e por considerarem seu trabalho importante para si mesmo, para a organização e para a sociedade. O sofrimento aparece relacionado a pressão por prazos, ritmo excessivo de trabalho, número insuficiente de pessoas para realizar as tarefas, disputas profissionais no local de trabalho, falta de integração, condições de trabalho precárias, falta de reconhecimento, sobrecarga de tarefas e necessidade constante de capacitação. Identifica-se neste estudo que o sofrimento no trabalho está sendo contido por estratégias defensivas de negação, racionalização e adaptação. A falta de um coletivo de trabalho pautado na coesão e na confiança dificulta a criação de defesas coletivas e de proteção, predominando o uso de defesas individuais de adaptação, que são ineficientes para lidar com esse contexto de trabalho. Diante dos resultados com relação aos danos físicos e do fracasso das estratégias de defesa utilizadas pelos docentes, observa-se que os professores estão sujeitos ao adoecimento. Conclui-se que a tendência a aceitação das adversidades das situações de trabalho e a utilização de defesas individuais contra o sofrimento em detrimento de mecanismos para sua transformação estão contribuindo, para facilitar a adaptação dos docentes às pressões e exploração do trabalho patogênicas.

Orientador(a): FERNANDO COUTINHO GARCIA

Professores Drs. da Banca:

 

Prof. Dr. Fernando Coutinho Garcia – Faculdade Novos Horizontes

Prof. Dr. Luiz Carlos Honório – Faculdade Novos Horizontes

Profª Drª Adriane Vieira – UFMG

Mestrando(a): VALÉRIA CUPERTINO

Linha de Pesquisa: Relações de poder e dinâmica das organizações

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