Mestrando(a): LEILA VAZ DA SILVA
Orientador(a): LUIZ CARLOS HONORIO
Esta pesquisa tem por objetivo principal descrever e analisar como se relacionam os construtos comprometimento organizacional e gênero em empresas do segmento da construção civil em Belo Horizonte, segundo a abordagem multidimensional adotada por Meyer e Allen (1991). Participaram 44 empresas associadas ao Sinduscon-MG, compondo uma amostra de 121 trabalhadores que atuam em canteiros de obras, sendo 69 do sexo masculino e 52 do feminino. Para a coleta dos dados, adotou-se o questionário validado no Brasil por Bandeira (1999) e composto por perguntas fechadas do tipo Likert. A análise quantitativa dos dados buscou comparar os resultados do comprometimento organizacional, em suas três dimensões, de acordo com as informações demográficas/ocupacionais dos participantes, utilizando testes estatísticos Mann-Whitney e Kruskal-Wallis. Adotou-se também metodologia multivariada, por intermédio da análise de cluster e da análise qualitativa, para a avaliação das questões subjetivas associadas tanto a comprometimento organizacional quanto a gênero, por meio de entrevistas com 10 integrantes, sendo 5 de cada sexo. Os resultados indicam que as médias relativas às três dimensões do comprometimento organizacional apresentam-se mais elevadas para os homens do que para as mulheres. No entanto, a dimensão instrumental apresentou-se com médias indicando baixa importãncia para ambos os sexos, sugerindo que neste segmento outros fatores, como autonomia e realização pessoal, apresentam-se mais importantes. Os resultados sugerem que os motivos que levam homens e mulheres a se comprometerem com a organização neste segmento não só diferem como são antagônicos. Os homens se comprometem mais afetivamente, em função de fatores relacionados ao exercício do poder, como autonomia, e do fator pessoal ligado ao orgulho pela execução do empreendimento, que representa para o profissional masculino a realização de uma obra de arte. Para as mulheres, os resultados apresentam-se de modo inverso. Aquelas que se apresentam mais comprometidas ocupam cargos técnicos e de estágio, recebem até quatro salários mínimos e estão na empresa e no cargo há menos de um ano. Para elas, o trabalho representa uma porta aberta para um mercado limitado, indicando uma oportunidade tanto de aquisição de conhecimento como de inserção no mercado e na carreira. Em relação à análise de cluster, a principal diferença observada na formação dos cinco grupos refere-se à formação na amostra masculina do grupo dos descomprometidos nas três dimensões, diferentemente das mulheres, que em todos os grupos formados se apresentam comprometidas. Revela-se como principal contribuição desta pesquisa ter relacionado os construtos compromentimento organizacional e gênero em empresas brasileiras, a partir da utilização de abordagem qualitativa, tema muito carente na bibliografia especializada. Outro ponto importante prende-se ao fato de ter encontrado e discutido contradições relativas aos resultados obtidos em estudos anteriores.
Orientador(a): LUIZ CARLOS HONORIO
Professores Drs. da Banca:
VERA LÚCIA CANÇADO LIMA E SIMONE COSTA NUNES
Mestrando(a): LEILA VAZ DA SILVA
Linha de Pesquisa: Relações de poder e dinâmica das organizações