Mestrando(a): SÉRGIO DA SILVA KILESSE

Orientador(a): MARÍLIA NOVAIS MATA MACHADO

Pesquisas anteriores mostram o trabalho de jornalismo como extremamente desgastante e causador de estresse profissional. A presente dissertação retoma essa temática e busca detectar características da profissão e fatores do trabalho que afetam o estado geral de saúde e o estresse desses profissionais. Foram revistos (a) estudos que associam a saúde do jornalista às suas atividades laborais, especialmente a pesquisa de Heloani (2006) e (b) estudos que mostram a profissão do jornalista como uma das mais estressantes. Adotaram-se as formulações teóricas de Cooper et al (1988) referentes a sintomas de saúde e a definição de Lipp (2004) de estresse ocupacional (respostas adaptativas de indivíduos a estímulos psíquicos e físicos presentes no ambiente de trabalho que atuam como pressões capazes de romper o equilíbrio orgânico). Adotaram-se também as formulações de Hans Selye (1956) relativas às fases do estresse profissional ? fases de alerta, resistência e exaustão, detalhadas por Lipp que, entre as duas últimas, detecta também uma fase de quase-exaustão. Foi realizada uma pesquisa de campo com os 44 jornalistas da empresa Alfa, nome fictício de uma empresa sediada em Minas Gerais, pertencente a um grande grupo da mídia brasileira, cuja circulação diária de periódicos atinge 300 mil exemplares. Além de dados pessoais, os entrevistados responderam a questões relativas às suas rotinas de trabalho, atividades de descanso e lazer, hábitos de vida, satisfação no trabalho, freqüência com que sentiam uma série de sintomas de adoecimento e de estresse ocupacional. Os instrumentos de pesquisa utilizados foram adaptados de: (a) questionário de Alvarez (1996), baseado no modelo teórico de Cooper et al. (1988), validado para o Brasil por Moraes et al. (1994, 1995); (b) Inventário de Sintomas de Stress de Lipp (ISSL). O conjunto de dados coletados recebeu tratamento estatístico. Os dados foram descritos e, além disso, foram criados dois índices: um índice de saúde, agrupando sintomas de adoecimento, e um índice de risco de estresse profissional. As variáveis que medem características do trabalho, quando correlacionadas ao índice de saúde, mostram que os principais fatores associados negativamente ao estado geral de saúde dos profissionais são: percepção do trabalho como pesado, como rígido e como estressante, trabalho em finais de semana, irritação sentida durante apuração e redação de notícia, consumo de álcool, cansaço excessivo depois de uma jornada de trabalho, sedentarismo. Os fatores que incidem positivamente sobre a saúde são: percepção das condições de trabalho como boas e do ambiente como adequado, prática de dança, dormir bem, prazer com o trabalho e com a empresa, bom relacionamento com os colegas, sentir-se saudável. No que diz respeito ao estresse, os resultados mostraram que, nas 24 horas que precederam a coleta de dados, dois dentre os 44 jornalistas entrevistados apresentaram sintomas de estresse de fase de alerta. Na última semana, 13 entraram na fase de resistência, a segunda em termos de risco. No último mês, um entrou em exaustão, a fase mais grave. Apurou-se que perto de um terço (31,8%), no último mês, entrou em alguma dessas fases. Esses resultados permitiram a criação do índice que mede risco/não risco de estresse, que, correlacionado a características do trabalho, mostra que o risco é maior quando associado à percepção do trabalho como freqüentemente estressante, o horário como rígido, dificuldades de manter calma no trabalho e de dormir bem, incapacidade de acordar descansado, ausência de férias anuais. Paradoxalmente, o risco é maior para os que relatam tirar férias longas (mais de 20 dias) e usá-las para descansarem. O conhecimento desses resultados pode ajudar os profissionais a contornar saudavelmente riscos inerentes ao seu trabalho e ajudar a empresa a aprimorar as condições de desempenho da profissão jornalística.

Orientador(a): MARÍLIA NOVAIS MATA MACHADO

Professores Drs. da Banca:

Profª. Drª. Marilia Novais da Mata Machado. Orientadora (Faculdade Novos Horizontes)
Profª. Drª. Ester Eliane Jeunon. Convidado1 (Faculdade Novos Horizontes)
Profª. Drª. Izabel Christina Friche Passos. Convidado 2 (UFMG)
Mestrando(a): SÉRGIO DA SILVA KILESSE

Linha de Pesquisa: Relações de poder e dinâmica das organizações

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