Autor: ALEXANDRE HERCULANO DO VALE

Tipo de Trabalho de Conclusão: DISSERTAÇÃO

Data da Defesa:  13/08/2009

RESUMO Este estudo buscou compreender como tem se configurado a identidade do enfermeiro que trabalha em um Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, (SAMU), em Minas Gerais. Procedeu-se a uma pesquisa descritiva e analítica, de caráter qualitativo, do tipo estudo de caso. Com base nos pressupostos de Dubar (1997), que assinala que a identidade é configurada na percepção de si mesmo (identidade real) e do outro (identidade virtual), os enfermeiros que trabalham nas unidades de suporte avançado constituíram os sujeitos nucleares e os profissionais que trabalham direta ou indiretamente com eles, os sujeitos secundários ou relacionais. A coleta de dados se deu por meio de levantamento documental de fontes internas, de questionários sociodemográficos e de entrevistas com roteiros estruturados, as quais foram realizadas com enfermeiros e não-enfermeiros, o que configurou uma triangulação entre dados (JICK,1979; COLLIS; HUSSEY, 2005). A análise das entrevistas obedeceu à técnica de análise de conteúdo proposta por Bardin (2005). Em termos demográficos, foram entrevistados 20 profissionais, sendo contabilizados 11 sujeitos nucleares (enfermeiros) e 9 secundários (4 motoristas-socorristas, 3 médicos e 2 técnicos de enfermagem). Os resultados obtidos apontam para um grupo de enfermeiros majoritariamente do sexo feminino (80%), com faixa etária entre 26 a 50 anos de idade e tempo de formação acadêmica entre 6 a 20 anos de conclusão. Quanto ao vínculo institucional, 10 dos 11 enfermeiros entrevistados entraram nesta organização via concurso público e 4 deles trabalharam no modelo anterior à criação do SAMU. O percurso da trajetória profissional dos sujeitos nucleares revela que tiveram contato com a assistência a pacientes críticos na época da graduação em Enfermagem, principalmente nos estágios extracurriculares, quando iniciaram o processo de socialização. Os procedimentos assistenciais de maior complexidade e a organização do cenário de cuidar constituem as principais atividades desenvolvidas em seu cotidiano de trabalho. Já a imprevisibilidade e o desafio de prestar cuidados em condições adversas constituem a sua rotina. Os atos de pertença descritos pelos sujeitos nucleares apontam para uma identidade real, caracterizada por um profissional que conhece a forma global das ações desempenhadas no SAMU, participa dela, gosta do serviço e das atividades que realiza e está sempre buscando capacitação e o aperfeiçoamento profissional. Ele se cobra muito e se desdobra para superar e adaptar-se às adversidades peculiares das atividades do SAMU. A proximidade com as práticas assistenciais e a oportunidade de não delegá-las a outros membros da equipe constituem suas diferenciações. A apropriação de valores do grupo quanto dos processos de identificação e comparação entre membros traduz a transação subjetiva na busca por uma identidade percebida como positiva de pertencimento e reconhecimento profissional. Em relação aos atos de atribuição reportados pelos sujeitos relacionais e que configuram a identidade virtual do enfermeiro, pontuam-se: profissional diferenciado, experiente, que conhece tudo em sua unidade e frequentemente encontra-se envolvido com questões relativas ao aprendizado. Assim como na identidade real, os sujeitos relacionais o definem como solitário, de pouco relacionamento, tanto com os técnicos de enfermagem quanto com os demais enfermeiros. Relações de trabalho marcadas pelas relações de gênero e de poder e cooperação na superação de dificuldades, na troca de conhecimento com profissionais menos experientes e na busca por reconhecimento recíproco perfazem a transação objetiva, que configura a identidade virtual do enfermeiro deste SAMU.

Palavras-chave: Identidade. Enfermeiro. SAMU. Pré-hospitalar

 

ABSTRACT This study tried to comprehend how the identity of the nurse who works in a Mobile Emergency Care Service – (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) SAMU – in Minas Gerais has been built. A descriptive and analytical research was done, of qualitative character, in the type of a case study. Based on Dubar’s (1997) premises, that points out that the identity is formed based on the perception of oneself (real identity) and of the other (virtual identity), the nurses that work in the units of advanced support formed the nuclear actors and the professionals who work direct or indirectly with them are the secondary or relational actors. The primary data were collected through social[1]demographic questionnaire and structured interview, which were conducted with nurses and non-nurses, setting a data triangulation (JICK,1979; COLLIS; HUSSEY, 2005). The secondary data were gotten from documentary analysis of internal sources records. The analysis of the interviews obeyed the technique of content analysis proposed by Bardin (2005). In demographic terms, 20 professionals were interviewed, among those 11 nuclear actors (nurses) and nine secondary (4 ambulance drivers, 3 doctors and 2 nursing technician). The gotten results point to a group where the majority of the nurses are female (80%), between 26 to 50 years of age and between 6 to 20 years of academic formation. As for the institutional bond, 10 of the 11 interviewed nurses got into this organization by public selection processes and four of them had worked in the previous model, before the creation of SAMU. The professional route followed by the nuclear actors reveals that they had contact with critical patients’ assistance during their graduation in Nursing School, mainly in the extracurricular periods of training, when they started the process of socialization. The accomplishment of assistance procedures of higher complexity, as for the organization of the caring scenario, forms the main activities developed in their daily work, the unpredictability and the challenge of providing care in adverse conditions is their routine. The acts of belonging described by the nuclear actors point to a real identity characterized by a professional who knows and participates in a global way of the actions performed in SAMU, likes the job and the activities that he/she does, is always searching for qualification and professional development. He/she is very hard on him/herself and does everything to overcome and adapt to the adversities peculiar to the activities of SAMU. The proximity with the care practices and the opportunity not to delegate them to other members of the team constitute its differences. The appropriation of the group values on identification processes and comparison between members represents the subjective transaction in the search of an identity seen as positive, of belonging and professional recognition. As for the acts of attribution reported by the relational actors that form the virtual identity of the nurse, are pointed: differentiated professional, experienced, that knows everything in his/her unit and is frequently involved in questions related to learning. As in the real identity, the relational actors define him/her as solitary, of little relationship with the nursing technician and with the other nurses. Work relations marked by relations of gender and power, as for the cooperation in overcoming difficulties, in the exchange of knowledge with less experienced professionals aiming for reciprocal recognition produce the objective transaction that characterizes the virtual identity of the nurse in this SAMU.

Key-words: Identity. Nurse. SAMU. Pre-hospital.

Área de Concentração: ORGANIZAÇÃO E ESTRATÉGIA

Linha de Pesquisa: Tecnologias de Gestão e Competitividade

Banca Examinadora

Prof.ª Dr.ª KELY CESAR MARTINS DE PAIVA – Orientadora

Baixar arquivo: VANESSA LUCIANA LIMA MELO DE AVELAR