Mestrando(a): Dirce Santana de Lima
Orientador(a): Prof. Dr. Fernando Coutinho Garcia
O exercício do trabalho faz parte do crescimento do ser humano, incidindo diretamente em seu autoconhecimento, nas relações interpessoais, no intelecto, em sua qualidade de vida e em suas movimentações financeiras. O ato de trabalhar não consiste em desenvolver funções apenas produtivas, mas também a convivência e a subjetividade. O trabalho faz parte da construção do sujeito, passando a ocupar lugar de suma importância na vida dos indivíduos. Com base nos referenciais teóricos da psicodinâmica do trabalho, este estudo teve como objetivo geral ‘descrever e analisar as vivências dos motoristas de uma empresa de ônibus de Belo Horizonte (MG), com relação ao prazer e sofrimento em seu trabalho’. Foi realizado um estudo de caso, de abordagem qualitativa e caráter descritivo com dez motoristas de ônibus, aplicou-se a eles uma entrevista semiestruturada, gravada e transcrita, a fim de realizar a análise de conteúdo à luz de Bardin (2009). Cinco categorias foram estudadas nas quais emergiram subcategorias. Quanto aos principais resultados, observou-se que a organização do trabalho foi considerada estressante e desgastante. Quanto às condições do trabalho, o ambiente foi descrito como barulhento, quente e muito ensolarado, além de rígido, sendo que em caso de violação das normas da empresa ocorrem advertência e suspensão. Quanto às condições de segurança, identificou-se por meio dos relatos dos entrevistados que a empresa não oferece segurança. As relações socioprofissionais foram descritas como boas, revelando bom relacionamento entre os colegas e a presença de bom humor no trabalho. O custo físico decorrente do trabalho foi assinalado pelo esforço em demasia de braços, pernas, pés e mente. No quesito “custo cognitivo”, os entrevistados relataram que procuram manter a calma, separam o lado profissional do particular, usam a inteligência e têm fé em Deus. Quanto ao custo afetivo, os entrevistados afirmaram que já foram receberam ‘cantadas’ mais de uma vez. Como vivências de prazer, os motoristas entrevistados relataram que sentem prazer com o que fazem e que se sentem motivados para o trabalho. Os benefícios citados foram: plano de saúde, plano odontológico, tíquete-refeição, cartão-farmácia e clube recreativo. As vivências de sofrimento descritas pelos motoristas contemplaram o sentimento de insegurança em relação aos assaltos que já aconteceram e os que porventura venham a acontecer. Com relação aos danos psicossociais, os entrevistados consideraram m vida social é prejudicada em razão do trabalho. Como estratégias apontadas, destacaram que procuram conversar com os amigos, jogam bola, ouvem música e procuram ficar próximos à família. Quanto aos danos físicos resultantes do trabalho, os entrevistados alegaram que não desenvolveram nenhum dano, contudo, foram destacados por quatro entrevistados distúrbios de insônia, problemas digestivos, perda de audição em razão do barulho e problemas renais e de coluna.
Palavras-chaves: Motoristas de ônibus. Prazer no trabalho. Sofrimento no trabalho.
BANCA EXAMINADORA:
Prof. Dr. Fernando Coutinho Garcia
ORIENTADOR (Faculdade Novos Horizontes)
Prof.ª Dr.ª Talita Ribeiro da Luz
Faculdade Novos Horizontes
Prof.ª Dr.ª Adriane Vieira
UFMG
Linha de Pesquisa: RELAÇÕES DE PODER E DINÂMICA DAS ORGANIZAÇÕES
Área de concentração: Organização e estratégia