Título: PRAZER E SOFRIMENTO NO TRABALHO DE MÉDICOS ONCOLOGISTAS: estudo em hospitais na cidade de Belo Horizonte
Autor: MAYARA RODRIGUES CUNHA
Tipo de Trabalho de Conclusão: DISSERTAÇÃO
Data da Defesa: 24/11/2016
Resumo: Esta pesquisa teve por objetivo descrever e analisar as vivências de prazer e de sofrimento de médicos oncologistas de hospitais na cidade de Belo Horizonte. O referencial teórico foi baseado na Psicodinâmica do Trabalho, servindo de sustentação para a realização de uma pesquisa descritiva de caráter qualitativo. Participaram da pesquisa 10 médicos oncologistas que atuam em diferentes hospitais de Belo Horizonte. Os participantes da pesquisa submeteram-se a uma entrevista cujo roteiro foi adaptado de Simões (2016). Os dados obtidos foram submetidos à análise de conteúdo das categorias a priori estabelecidas: contexto do trabalho, sentido do trabalho, vivências de prazer no trabalho, vivências de sofrimento no trabalho e estratégias para lidar com o sofrimento. Das categorias definidas surgiram subcategorias de análises correspondentes aos objetivos da pesquisa definidos previamente. Os resultados da pesquisa evidenciaram que os oncologistas vivenciam situações de prazer e sofrimento constantemente. Foi possível perceber que estes profissionais estão inseridos em um ambiente de trabalho inadequado para o desenvolvimento pleno de suas funções, no qual faltam elementos básicos no tratamento dos pacientes como, por exemplo, medicamentos, leitos e outros. Soma-se a esses fatores o excesso de burocracia para realização de consultas, internações, agenda desproporcional à capacidade de atendimento e o não registro nosológico da vida médica dos pacientes, fatores esses que dificultam e, muitas vezes, impedem o tratamento. Entretanto, no que se refere ao relacionamento com os colegas, foi possível perceber que os médicos trabalham em espírito de coletividade e apoio mútuo. Realizam com frequência reuniões para discussões de casos e indicações de novos tratamentos para o câncer, sendo levado em consideração cada caso individualmente. Existe respeito a opiniões divergentes e ética ao comentar sobre o tratamento indicado por outro profissional, sobretudo no que concerne a uma segunda opinião médica solicitada por pacientes. Foi possível perceber também que os oncologistas estão amparados por uma equipe médica que auxilia no tratamento do câncer, uma vez que não se trata somente de sintomas fisiológicos. Entretanto essa equipe não é suficiente para atender à demanda, o que ocasiona, muitas vezes, a sobrecarga emocional dos médicos que acabam por dar suporte psicológico aos pacientes. Foi possível inferir que o trabalho ocupa lugar central na vida dos oncologistas, que não conseguem se desligar de suas funções e, além de levar trabalho para casa, colocam-se à disposição dos pacientes e colegas de profissão por meio de telefonemas e aplicativos de celular. Assim sendo, os médicos oncologistas não conseguem equilibrar a vida pessoal e a vida profissional, uma vez que o trabalho invade a vida privada. Foi possível perceber que as vivências de prazer são manifestadas no alívio do sofrimento e na condução a um fim de vida com menos dor e maior dignidade possível. Admitem que ao vivenciar a cura sentem prazer equivalente ao de aliviar o sofrimento. Mesmo convivendo com a morte rotineiramente não são neutros ao sofrimento vivenciado pelos pacientes e familiares, sendo que alguns casos ficam marcados. Ver o sofrimento do outro traz reflexões constantes sobre a própria vida. A maioria das estratégias para lidar com o sofrimento é individual como o conformismo, o autocontrole e as atividades de lazer que podem minimizar o sofrimento. Contudo, estas estratégias não são efetivas, uma vez que não modificam o modo de como o trabalho é organizado.
Palavras-chave: Prazer, sofrimento, trabalho, médicos oncologistas
Abstract: This research aimed to describe and analyze the experiences of pleasure and suffering of oncologists of hospitals in the city of Belo Horizonte. The theoretical reference was based on the Work Psychodynamics, serving as support for the accomplishment of a qualitative descriptive research. Ten physicians oncologists working in different hospitals in Belo Horizonte participated in the study. The participants of the research were submitted to an interview whose script was adapted from Simões (2016). The data obtained were submitted to content analysis of the a priori categories established: work context, work sense, experiences of pleasure at work, experiences of suffering at work and strategies to deal with suffering. From the defined categories appeared subcategories of analyzes corresponding to the objectives of the research, previously defined. The results of the research showed that oncologists experience situations of pleasure and suffering constantly. It was possible to perceive that these professionals are inserted in an inadequate work environment for the full development of their functions, in which basic elements are missing in the treatment of patients, such as medicines, beds and others. Added to these factors is the excess of bureaucracy to perform consultations, hospitalizations, a disproportionate agenda, and the non nosological record of patients’ medical life, a factor that makes it difficult and often prevents treatment. However, with regard to the relationship with colleagues, it was possible to perceive that they work in the spirit of collective and mutual support. They frequently hold meetings for case discussions and indications of new treatments for cancer, taking into consideration each case of the patient. There is respect for divergent, ethical opinions when commenting on the treatment indicated by another professional, especially regarding a second medical opinion requested by patients. It was also possible to notice that the oncologists are trimmed by a medical team that assists in the treatment of cancer since it is not only about physiological symptoms, but this team is not enough to meet the demand, which often causes the emotional overload of the patients. Doctors who end up giving psychological support to patients. It was possible to infer that work occupies a central place in the lives of oncologists who can not get out of work, in which, in addition to taking work home, patients and co-workers are available through phone calls and cell phone applications. As such, they can not balance personal and professional life, since work is invading private life. It was possible to perceive that the experiences of pleasure are manifested in the relief of suffering and conduction to an end of life with less pain and greater dignity possible. They admit that when experiencing healing they feel pleasure equivalent to relieving suffering. Even living with death routinely are not neutral to the suffering experienced by patients and relatives, and some cases are marked. Seeing the suffering of the other brings constant reflection on one’s own life. Most strategies for coping with suffering are individual, such as conformism, self-control, and leisure activities that can minimize suffering, but they are not effective since they do not change the way work is organized.
Keywords: Pleasure, suffering, work, medical oncologists.
Área de Concentração: ORGANIZAÇÃO E ESTRATÉGIA
Linha de Pesquisa: Relações de Poder e Dinamica nas Organizações
Problema de Pesquisa: “Como se configuram as vivências de prazer e sofrimento no trabalho
de médicos oncologistas?”
Banca Examinadora
Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos Honório
Prof. Dr. Luciano Zille Pereira – Docente
Profª. Drª. Zelia Miranada Kilimnik – Participante Externo
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