Autor: SERGIO DA SILVA KILESSE

Tipo de Trabalho de Conclusão: DISSERTAÇÃO

Data da Defesa:  13/08/2009

RESUMO Pesquisas anteriores mostram o trabalho de jornalismo como extremamente desgastante e causador de estresse profissional. A presente dissertação retoma essa temática e busca detectar características da profissão e fatores do trabalho que afetam o estado geral de saúde e o estresse desses profissionais. Foram revistos (a) estudos que associam a saúde do jornalista às suas atividades laborais, especialmente a pesquisa de Heloani (2006) e (b) estudos que mostram a profissão do jornalista como uma das mais estressantes. Adotaram-se as formulações teóricas de Cooper et al (1988) referentes a sintomas de saúde e a definição de Lipp (2004) de estresse ocupacional (respostas adaptativas de indivíduos a estímulos psíquicos e físicos presentes no ambiente de trabalho que atuam como pressões capazes de romper o equilíbrio orgânico). Adotaram-se também as formulações de Hans Selye (1956) relativas às fases do estresse profissional – fases de alerta, resistência e exaustão, detalhadas por Lipp que, entre as duas últimas, detecta também uma fase de quase-exaustão. Foi realizada uma pesquisa de campo com os 44 jornalistas da empresa Alfa, nome fictício de uma empresa sediada em Minas Gerais, pertencente a um grande grupo da mídia brasileira, cuja circulação diária de periódicos atinge 300 mil exemplares. Além de dados pessoais, os entrevistados responderam a questões relativas às suas rotinas de trabalho, atividades de descanso e lazer, hábitos de vida, satisfação no trabalho, freqüência com que sentiam uma série de sintomas de adoecimento e de estresse ocupacional. Os instrumentos de pesquisa utilizados foram adaptados de: (a) questionário de Alvarez (1996), baseado no modelo teórico de Cooper et al. (1988), validado para o Brasil por Moraes et al. (1994, 1995); (b) Inventário de Sintomas de Stress de Lipp (ISSL). O conjunto de dados coletados recebeu tratamento estatístico. Os dados foram descritos e, além disso, foram criados dois índices: um índice de saúde, agrupando sintomas de adoecimento, e um índice de risco de estresse profissional. As variáveis que medem características do trabalho, quando correlacionadas ao índice de saúde, mostram que os principais fatores associados negativamente ao estado geral de saúde dos profissionais são: percepção do trabalho como pesado, como rígido e como estressante, trabalho em finais de semana, irritação sentida durante apuração e redação de notícia, consumo de álcool, cansaço excessivo depois de uma jornada de trabalho, sedentarismo. Os fatores que incidem positivamente sobre a saúde são: percepção das condições de trabalho como boas e do ambiente como adequado, prática de dança, dormir bem, prazer com o trabalho e com a empresa, bom relacionamento com os colegas, sentir-se saudável. No que diz respeito ao estresse, os resultados mostraram que, nas 24 horas que precederam a coleta de dados, dois dentre os 44 jornalistas entrevistados apresentaram sintomas de estresse de fase de alerta. Na última semana, 13 entraram na fase de resistência, a segunda em termos de risco. No último mês, um entrou em exaustão, a fase mais grave. Apurou-se que perto de um terço (31,8%), no último mês, entrou em alguma dessas fases. Esses resultados permitiram a criação do índice que mede risco/não risco de estresse, que, correlacionado a características do trabalho, mostra que o risco é maior quando associado à percepção do trabalho como freqüentemente estressante, o horário como rígido, dificuldades de manter calma no trabalho e de dormir bem, incapacidade de acordar descansado, ausência de férias anuais. Paradoxalmente, o risco é maior para os que relatam tirar férias longas (mais de 20 dias) e usá-las para descansarem. O conhecimento desses resultados pode ajudar os profissionais a contornar saudavelmente riscos inerentes ao seu trabalho e ajudar a empresa a aprimorar as condições de desempenho da profissão jornalística.

Palavras chaves: Trabalho. Jornalismo. Estresse.

ABSTRACT Previous research works showed that the journalistic profession is extremely wearing out and stressing. The present M. A. dissertation revisits this issue and tries to detect the characteristics of the profession and the work factors that affect the general state of health and the stress of those professionals. A literature review was carried out  covering: (a) studies that associate journalists’ health with their work activities, especially Heloani (2006)’s research work, and (b) studies that show the journalist profession as one of the most stressing. Cooper et al (1988)’s theoretical framework referring to health symptoms was adopted as far as Lipp (2004)’s definition of occupational stress (individual adapting responses to physical and psychic stimuli in the working environment that act as pressing factors able to disrupt the organic balance). Hans Selye (1956)’s formulations about professional stress phases – alert, resistance and exhaustion – were also adopted under the detailed form proposed by Lipp that, between the last two phases, detect also a quasi-exhaustion one. I was carried out a field research with 44 journalists of Alpha Company, the fictitious name of an enterprise from Minas Gerais, belonging to a large group of the Brazilian media whose daily circulation of newspapers reaches 300 thousands numbers. Besides personal data, the interviewed journalists answered questions related to work routines, to resting and leisure activities, life habits, moral in work, frequency of disease symptoms experienced and occurrences of professional stress. The research instruments utilized were adapted from: (a) Alvarez (1996)’s questionnaire, based on Cooper et al. (1988)’s theoretical model, adapted to Brasil by Moraes et al. (1994, 1995); (b) the Lipp’s Inventory of Stress Symptoms. This set of data was submitted to statistical treatments. The data were described and two indexes were also created: an index of heath, grouping illness symptoms, and an index of professional stress. The variables measuring work characteristics, when correlated to the health index, showed that the main factors associated negatively to the general health state of the professionals are perception of work as heavy, as hard and as stressful, work on weekends, irritation felt during covering and writing the news, alcohol consumption, excessive fatigue after a day of work, sedentary life. The factors that affect positively the health are: perception of working conditions as good, perception of the work environment as appropriated, practice of dance, sleeping well, pleasure with the work and with the enterprise, good rapport with the colleagues, feeling healthy. Concerning stress, the results showed that, in the 24 hours previous to the data collection, two of the 44 journalists interviewed presented stress symptoms of the alert phase. In the last week, 13 entered the exhaustion phase, the second in stroke terms. In the last month, one entered in exhaustion, the most serious phase. It was found that in the last month almost a third (31.8%) entered in one of the risk phases. These results allowed the creation of the index that measures risk/no risk of stress. This index was correlated to work characteristics and showed larger risks associated to a perception of the work as stressing, the schedules as heavy, difficulties in keeping calm in the work, sleeping badly, incapacity of waking up well, absence of yearly vacations. It appeared a paradox: the risk is larger for those that answered having enjoyed longer vacations (plus than 20 days) and having used them to rest. The knowledge of these results can help the professionals to by-pass healthfully the risks inherent to their work and help the enterprise to improve the discharges in the journalistic profession.

Key Words: Work. Journalism. Stress.

Área de Concentração: ORGANIZAÇÃO E ESTRATÉGIA

Linha de Pesquisa: Tecnologias de Gestão e Competitividade

Banca Examinadora

Prof.ª Dr.ª Marilia Novais da Mata Machado  – Orientadora

Prof.ª Dr.ª Ester Eliane Jeunon– Docente

Prof.ª Dr.ª Izabel Cristina Friche Passos  – Participante externo

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